
O F.C. Porto embalou então para momentos de futebol brilhante durante a primeira parte, mas nem foi isso que mais impressionou. Impressionou sobretudo a maturidade de uma equipa que para todos os efeitos tem cerca de um mês de vida.
Os traços do campeão estão bem vincados nesta formação, aliás. Perante um adversário de valor, que ainda o ano passado esteve na Liga dos Campeões, por exemplo, o F.C. Porto voltou a ser consistente, seguro defensivamente e fulgurante na saída para o ataque. As três características que fizeram o código genético da equipa, no fundo.
A maturidade, essa, notou-se na forma como esta equipa já sabe dominar os tempos do jogo. Entrou forte em campo, marcou dois golos naturais perante o caudal ofensivo criado e dominou depois o jogo até ao intervalo. Com isso levou para os balneários uma vantagem de dois golos confortável, que se revelou preciosa mais tarde.
Um F.C. Porto antigo com um nova arma: as bolas paradas
No meio de tudo isto, perceberam-se duas coisas. O F.C. Porto da primeira parte está preparado para a competição, o F.C. Porto da segunda parte ainda não. Até porque teve muitos jogadores novos, ao mesmo tempo. A esses, aos novos da segunda parte, ainda irá demorar mais qualquer coisa até entrar na consistência da equipa da primeira parte.
A segunda evidência é que este F.C. Porto tem uma arma nova: as bolas paradas. O primeiro momento sublime da noite nasceu do livre fantástico de Bruno Alves que abriu o marcador. Um tiro pleno de força e colocação. Na linha dos grandes centrais do F.C. Porto do passado, Bruno Alves acrescenta a esta equipa uma solução preciosa... e potente.
Tratou-se do sétimo golo de bola parada em oito jogos. Para a equipa que na última época tinha o menor aproveitamento na liga de bolas paradas, com apenas um em cada seis golos a nascer desta forma (17 por cento), ora aí está uma novidade. O golo de Lucho, depois, foi um lance de combinação de génios. Igual a tantos outros nesta equipa. Rodriguez mudou a velocidade, criou o desequilíbrio e o argentino marcou. Fácil, fácil.
Guarín a trinco e uma dúvida à esquerda
Jesualdo já terá, de resto, uma ideia clara do onze e na posição seis a aposta é em Guarín. Depois de experimentados Raul Meireles, Tomás Costa e Fernando, Guarín parece o escolhido. Naturalmente, aliás. Além de características excelentes, permite que Raul Meireles se coloque ao lado de Lucho. O que traz à equipa uma grande capacidade de temporização.
Guarín tem que ser trabalho, porém. É um talento selvagem, que necessita de ser domado. Nos primeiros minutos houve até uma jogada curiosa. Depois de receber um passe da direita, devolveu a bola à direita. De imediato percebeu o erro e pediu desculpa a Jesualdo. Aos poucos, Guarín compreende o que o treinador quer.