Pode parecer uma contradição, mas o anúncio, por parte do FC Porto, do prolongamento, até à época de 2013/2014, do contrato de cedência dos direitos televisivos dos jogos para o Campeonato disputados no Dragão, por cerca de 51 milhões de euros, revela até que ponto os dirigentes portistas precisam de ser rigorosos ao nível da gestão para conseguirem competir ao mais elevado nível na Europa do futebol.
Não me interpretem mal: 51 milhões de euros é muito dinheiro, e o negócio representa até uma melhoria considerável em relação ao último contrato com a Olivedesportos, deixando o FC Porto muito bem cotado a nível interno. Contudo, quando clubes como o Bayern de Munique geram receitas de 30 milhões de euros anuais pela venda de direitos televisivos, quando a Juventus chega aos 37 milhões de euros por ano, e quando o Manchester United atingiu os 61 milhões apenas na última temporada, percebe-se que o FC Porto discute olhos nos olhos com gigantes apoiado em bicos de pés num mercado minúsculo. Aliás, este é apenas um dos problemas que os tricampeões têm de enfrentar quando competem fora de portas, e não apenas nos relvados. No mercado de transferências, onde a força do dinheiro é mais evidente, o FC Porto tem de comprar diamantes em bruto, lapidá-los pacientemente e muitas vezes vendê-los, quando estão no auge da sua cotação e do seu rendimento, aos clubes que podem pagar 30 milhões de euros por um Quaresma ou um Pepe. A verdadeira magia do futebol é que, mesmo assim, de vez em quando, mais frequentemente do que seria de supor, equipas como o FC Porto se conseguem erguer muito acima das expectativas e mais alto do que os maiores gigantes.
Texto de Jorge Maia